sábado, 11 de fevereiro de 2012

Um dia

Nos 5 anos da lei do aborto um belo poema sobre o maior crime: a mãe que manda matar o próprio filho com o aval da sociedade e do estado.

Do blogue do Prof. Pedro Pinto: O Povo

Um dia, hei-de saber,
alguém me vai dizer.
Um dia.

Porque é que não nasci.
Porque não fui de alguém.
Porque é que fui ninguém.
Um dia.

Era feio?
Fui diferente?
Não dei jeito?
Um dia.

Amargo seio,
Um peito rente.
Não sei quem foi.
Não sei quem viu.
Mas sou inocente.

Talvez me contem tudo.
Talvez me salvem ainda,
Um dia.

Do nada, que é tudo o que me resta.
Talvez haja uma festa.
Não houve nenhuma,
Quando não me quiseram,
nem me amaram.

E não sei porquê.

Um dia.


Miguel Alvim

Sem comentários: