quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
domingo, 21 de dezembro de 2014
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Midway Film Project, vale a pena ver, partilhar,...
O que estamos a fazer aos restantes seres vivos na nossa Terra?!
segunda-feira, 11 de junho de 2012
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Análise da proposta de Reorganização curricular 2012
Exmo. Senhor
Presidente da Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República
Dr. José Ribeiro e Castro
Exmos(as). Senhores(as) Deputados(as)
Ainda bem que temos oportunidade de refletir sobre a proposta de reorganização curricular, aliás sobre a proposta de gestão de horas letivas pois nesta altura não estamos a discutir o currículo.
Sou do Porto e sou professora de Ciências Físico-Químicas (FQ) na Escola Básica 2,3 da Maia (Agrupamento de Escolas Gonçalo Mendes da Maia).
Sou também sócia fundadora do SIPE - Sindicato Independente de Professores e Educadores.
Congratulo-me com a aposta no conhecimento científico através do reforço de um tempo letivo nos 7º, 8º e 9º anos de escolaridade na disciplina de FQ.
Para quem tem de fazer uma planificação da disciplina, a gestão dos tempos letivos é uma dor de cabeça. Neste momento não há aulas suficientes para dar todas as matérias ao longo do 3º ciclo.
Por exemplo, no 7º ou 8º anos temos no inicio do ano letivo um nº de aulas previstas de 66. A esse nº vamos retirar 2 aulas para apresentação e ficha diagnóstica, 3 aulas para autoavaliação, 12 aulas para fichas de avaliação e respetiva correção. Assim, o nº total de aulas disponível para o ano letivo fica em 49. Ou seja, cerca de 49 aulas para dar toda a matéria numa disciplina essencialmente experimental e com alunos adolescentes, turmas heterogéneas, com bons alunos e maus alunos, com alunos com necessidades educativas especiais e alunos com algumas dificuldades de aprendizagem, alunos educados que gostam de aprender e alunos delinquentes, que já roubam e consomem/traficam droga, tudo na mesma turma de vinte e tal.
É importante que se mantenha o desdobramento das aulas de Ciências Físico-Químicas (FQ) e Ciências Naturais (CN) no 3º ciclo, tal como está previsto na lei.
Os conteúdos lecionados na disciplina de FQ requererem um elevado grau de abstracção (principalmente os que são lecionados no 9º ano); aplicação e relacionamento de conceitos matemáticos (os alunos têm dificuldade em contextualizar a Matemática em situações concretas presentes na resolução de exercícios de F.Q.) e ainda com a dificuldade no uso de vocabulário específico da disciplina por parte dos alunos.
O facto do desdobramento existir permite especializar o ensino das ciências, torná-lo mais experimental e melhorar a eficácia do ensino mais individualizado. É também tempo para consolidar os conceitos, que nem sempre são acessíveis ao nível do desenvolvimento cognitivo desta faixa etária. É importante também para mostrar que a Física e a Química estão presentes no nosso dia a dia. É preciso também fazer, praticar e não só ver.
O meu grupo disciplinar, após a análise dos resultados dos alunos no final do ano letivo anterior, pôde concluir que houve uma melhoria global em todos os anos, desde que o desdobramento de 90 min foi adoptado na escola. E deste desdobramento também beneficia o Grupo Disciplinar de Ciências Naturais.
Será importante que o desdobramento comece na disciplina de Ciências da Natureza do 2º ciclo.
A área curricular não disciplinar de Formação Cívica é importante, talvez mesmo os 90 min e não apenas os 45 min. Neste espaço o diretor de turma trata com os alunos assuntos importantes para o bom funcionamento da turma: desde a justificação de faltas à (tentativa de) resolução de conflitos. E há também uma data de assuntos, de carácter mais burocrático, que não devem ocupar as nossas aulas e devem ser tratados nesta área. Também sugiro que seja possível, com o acordo do Conselho de Turma, reforçar algumas matérias em que os alunos têm mais dificuldades, como se fazia na área de Estudo Acompanhado, dar alguma matéria porque o professor teve de faltar, tratar a Orientação Vocacional no 9º ano (como é habitual), etc.
Esta área de Formação Cívica pode também ser utilizada para tratar o tema da Sexualidade Responsável. Atualmente é dada Educação Sexual ao logo dos vários anos de escolaridade nos vários ciclos, no 3º ciclo, são cerca de 12 aulas por ano de escolaridade, tal como está previsto na lei. Alguns alunos da minha direção de turma (8º ano) já estão fartos de ouvir todos os anos os mesmos assuntos. Quando chegarem ao 9º ano e o tema da Sexualidade Humana for dado na disciplina de Ciências Naturais já não vai ter muito interesse... Talvez seja melhor repensar este assunto da Educação sexual e ser dado no 6º ou 7º ano de forma séria, por exemplo, na Formação Cívica com a colaboração dos professores de CN e/ou estabelecendo protocolos de cooperação com o centro de saude local ou outras instituições, tal como é o caso da minha escola. Mas considero que é importante que seja tratado antes do 9º ano (quando os alunos têm 12, 13 anos), pois ainda há pais que não falam destes assuntos em casa e deixam que os filhos aprendam com os outros... Então que aprendam na escola, com as pessoas certas e não com o que ouvem na TV ou no grupo de amigos.
A crise económica atual não pode justificar tudo... pois o que estamos a fazer agora vai ter um preço na formação dos jovens no futuro.
O ME tem de estar preocupado com os alunos e com a qualidade do ensino nas escolas públicas. E isto tem consequências para o futuro de todos nós.
Quando foi anunciado o nome do Senhor Ministro da Educação e Ciência, fiquei com esperança numa mudança radical da qualidade do ensino, mais exigência e responsabilização aos alunos e seus Encarregados de Educação, melhoria das condições de trabalho dos professores, tão maltratados desde 2005. Trabalhar numa escola, dar aulas a crianças, jovens e adolescentes não é a mesma coisa que trabalhar num escritório. Cada vez estamos mais tempo na escola e temos mais turmas, quando o nosso trabalho de preparação de aulas e de avaliação de alunos é feito em casa, com o mínimo de condições e silêncio. Na escola onde trabalho nem dinheiro há para aquecimento. Tem sido muito complicado para todos, pois tem estado muito frio e a escola tem mais de 30 anos, logo não tem as condições de conforto e isolamento dos edifícios escolares novos. Cada vez trabalhamos mais horas e, há uns anos, inventaram uma coisa chamada tempos não letivos, que é uma fraude e falta de respeito pela classe, pois continuamos a dar aulas nesses tempos não letivos (aulas de apoio, que têm de ser preparadas, sala de estudo, aulas de substituição,...).
Outra questão importante a discutir devia ser os cursos CEF. É inaceitável que o dinheiro dos nossos impostos vá para financiar alunos que não querem aprender, que não respeitam a escola nem os professores, funcionários ou colegas. E apesar de lhes ser facultado todas as condições e todo o material (os cadernos são guardados na escola para não desaparecerem logo), ainda têm o descaramento de dizer que não têm esferográfica ou lápis porque a escola não lhes dá. Seja com professores mais jovens, cheios de "ideias mais modernas", seja com professores mais velhos, com "mais experiência", todos os meus colegas se queixam que não se consegue dar uma aula, que só ouvem palavrões e insultos, e apesar das medidas disciplinares impostas, nada faz mudar as atitudes destes alunos. A maioria diz que não quer saber da escola, que vão roubar (alguns já roubam), vão conduzir de forma ilegal,... e quase todos dizem também que não vão trabalhar. São os exemplos que têm em casa: vivem de rendimentos, abonos, subsídios...
E se fosse cortado/retirado o abono de família e o rendimento social de inserção a estas famílias em que os filhos não estudam, perturbam as aulas e os colegas, que querem trabalhar, e não respeitam a escola nem quem lá trabalha?
Os jovens que estudam e querem trabalhar estão a emigrar. Quem vai manter este país à tona da água nos próximos anos? A geração dos CEF e das Novas Oportunidades?
Então é melhor pensarmos em ir embora com as nossas famílias também... porque a Segurança Social vai ser uma recordação do passado porque não vai haver sustentabilidade.
Os meus melhores cumprimentos.
Fátima Vieira
Presidente da Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República
Dr. José Ribeiro e Castro
Exmos(as). Senhores(as) Deputados(as)
Ainda bem que temos oportunidade de refletir sobre a proposta de reorganização curricular, aliás sobre a proposta de gestão de horas letivas pois nesta altura não estamos a discutir o currículo.
Sou do Porto e sou professora de Ciências Físico-Químicas (FQ) na Escola Básica 2,3 da Maia (Agrupamento de Escolas Gonçalo Mendes da Maia).
Sou também sócia fundadora do SIPE - Sindicato Independente de Professores e Educadores.
Congratulo-me com a aposta no conhecimento científico através do reforço de um tempo letivo nos 7º, 8º e 9º anos de escolaridade na disciplina de FQ.
Para quem tem de fazer uma planificação da disciplina, a gestão dos tempos letivos é uma dor de cabeça. Neste momento não há aulas suficientes para dar todas as matérias ao longo do 3º ciclo.
Por exemplo, no 7º ou 8º anos temos no inicio do ano letivo um nº de aulas previstas de 66. A esse nº vamos retirar 2 aulas para apresentação e ficha diagnóstica, 3 aulas para autoavaliação, 12 aulas para fichas de avaliação e respetiva correção. Assim, o nº total de aulas disponível para o ano letivo fica em 49. Ou seja, cerca de 49 aulas para dar toda a matéria numa disciplina essencialmente experimental e com alunos adolescentes, turmas heterogéneas, com bons alunos e maus alunos, com alunos com necessidades educativas especiais e alunos com algumas dificuldades de aprendizagem, alunos educados que gostam de aprender e alunos delinquentes, que já roubam e consomem/traficam droga, tudo na mesma turma de vinte e tal.
É importante que se mantenha o desdobramento das aulas de Ciências Físico-Químicas (FQ) e Ciências Naturais (CN) no 3º ciclo, tal como está previsto na lei.
Os conteúdos lecionados na disciplina de FQ requererem um elevado grau de abstracção (principalmente os que são lecionados no 9º ano); aplicação e relacionamento de conceitos matemáticos (os alunos têm dificuldade em contextualizar a Matemática em situações concretas presentes na resolução de exercícios de F.Q.) e ainda com a dificuldade no uso de vocabulário específico da disciplina por parte dos alunos.
O facto do desdobramento existir permite especializar o ensino das ciências, torná-lo mais experimental e melhorar a eficácia do ensino mais individualizado. É também tempo para consolidar os conceitos, que nem sempre são acessíveis ao nível do desenvolvimento cognitivo desta faixa etária. É importante também para mostrar que a Física e a Química estão presentes no nosso dia a dia. É preciso também fazer, praticar e não só ver.
O meu grupo disciplinar, após a análise dos resultados dos alunos no final do ano letivo anterior, pôde concluir que houve uma melhoria global em todos os anos, desde que o desdobramento de 90 min foi adoptado na escola. E deste desdobramento também beneficia o Grupo Disciplinar de Ciências Naturais.
Será importante que o desdobramento comece na disciplina de Ciências da Natureza do 2º ciclo.
A área curricular não disciplinar de Formação Cívica é importante, talvez mesmo os 90 min e não apenas os 45 min. Neste espaço o diretor de turma trata com os alunos assuntos importantes para o bom funcionamento da turma: desde a justificação de faltas à (tentativa de) resolução de conflitos. E há também uma data de assuntos, de carácter mais burocrático, que não devem ocupar as nossas aulas e devem ser tratados nesta área. Também sugiro que seja possível, com o acordo do Conselho de Turma, reforçar algumas matérias em que os alunos têm mais dificuldades, como se fazia na área de Estudo Acompanhado, dar alguma matéria porque o professor teve de faltar, tratar a Orientação Vocacional no 9º ano (como é habitual), etc.
Esta área de Formação Cívica pode também ser utilizada para tratar o tema da Sexualidade Responsável. Atualmente é dada Educação Sexual ao logo dos vários anos de escolaridade nos vários ciclos, no 3º ciclo, são cerca de 12 aulas por ano de escolaridade, tal como está previsto na lei. Alguns alunos da minha direção de turma (8º ano) já estão fartos de ouvir todos os anos os mesmos assuntos. Quando chegarem ao 9º ano e o tema da Sexualidade Humana for dado na disciplina de Ciências Naturais já não vai ter muito interesse... Talvez seja melhor repensar este assunto da Educação sexual e ser dado no 6º ou 7º ano de forma séria, por exemplo, na Formação Cívica com a colaboração dos professores de CN e/ou estabelecendo protocolos de cooperação com o centro de saude local ou outras instituições, tal como é o caso da minha escola. Mas considero que é importante que seja tratado antes do 9º ano (quando os alunos têm 12, 13 anos), pois ainda há pais que não falam destes assuntos em casa e deixam que os filhos aprendam com os outros... Então que aprendam na escola, com as pessoas certas e não com o que ouvem na TV ou no grupo de amigos.
A crise económica atual não pode justificar tudo... pois o que estamos a fazer agora vai ter um preço na formação dos jovens no futuro.
O ME tem de estar preocupado com os alunos e com a qualidade do ensino nas escolas públicas. E isto tem consequências para o futuro de todos nós.
Quando foi anunciado o nome do Senhor Ministro da Educação e Ciência, fiquei com esperança numa mudança radical da qualidade do ensino, mais exigência e responsabilização aos alunos e seus Encarregados de Educação, melhoria das condições de trabalho dos professores, tão maltratados desde 2005. Trabalhar numa escola, dar aulas a crianças, jovens e adolescentes não é a mesma coisa que trabalhar num escritório. Cada vez estamos mais tempo na escola e temos mais turmas, quando o nosso trabalho de preparação de aulas e de avaliação de alunos é feito em casa, com o mínimo de condições e silêncio. Na escola onde trabalho nem dinheiro há para aquecimento. Tem sido muito complicado para todos, pois tem estado muito frio e a escola tem mais de 30 anos, logo não tem as condições de conforto e isolamento dos edifícios escolares novos. Cada vez trabalhamos mais horas e, há uns anos, inventaram uma coisa chamada tempos não letivos, que é uma fraude e falta de respeito pela classe, pois continuamos a dar aulas nesses tempos não letivos (aulas de apoio, que têm de ser preparadas, sala de estudo, aulas de substituição,...).
Outra questão importante a discutir devia ser os cursos CEF. É inaceitável que o dinheiro dos nossos impostos vá para financiar alunos que não querem aprender, que não respeitam a escola nem os professores, funcionários ou colegas. E apesar de lhes ser facultado todas as condições e todo o material (os cadernos são guardados na escola para não desaparecerem logo), ainda têm o descaramento de dizer que não têm esferográfica ou lápis porque a escola não lhes dá. Seja com professores mais jovens, cheios de "ideias mais modernas", seja com professores mais velhos, com "mais experiência", todos os meus colegas se queixam que não se consegue dar uma aula, que só ouvem palavrões e insultos, e apesar das medidas disciplinares impostas, nada faz mudar as atitudes destes alunos. A maioria diz que não quer saber da escola, que vão roubar (alguns já roubam), vão conduzir de forma ilegal,... e quase todos dizem também que não vão trabalhar. São os exemplos que têm em casa: vivem de rendimentos, abonos, subsídios...
E se fosse cortado/retirado o abono de família e o rendimento social de inserção a estas famílias em que os filhos não estudam, perturbam as aulas e os colegas, que querem trabalhar, e não respeitam a escola nem quem lá trabalha?
Os jovens que estudam e querem trabalhar estão a emigrar. Quem vai manter este país à tona da água nos próximos anos? A geração dos CEF e das Novas Oportunidades?
Então é melhor pensarmos em ir embora com as nossas famílias também... porque a Segurança Social vai ser uma recordação do passado porque não vai haver sustentabilidade.
Os meus melhores cumprimentos.
Fátima Vieira
E falam de revisão da estrutura curricular?... Um dia cinzento... professor
Antes da revisão da estrutura curricular... acabem com a indisciplina nas Escolas por favor
Hoje o dia amanheceu cinzento e chuvoso…Para muitos mais um dia de
inverno! Para mim um dia triste, coberto de indignação, revolta, medo,
impotência e desolação.
Ontem, em frente à Escola EB 2/3 Padre António Luís Moreira, nos
Carvalhos – Vila Nova de Gaia, um Professor de Matemática, de 63 anos,
foi violentamente agredido por três indivíduos de etnia cigana. Não.
Não agrediu nenhum aluno. Não foi incorreto com ninguém, nem tão pouco
falou mais alto. O exemplo de civismo, educação, correcção e
profissionalismo é a descrição deste nosso colega. Apenas mandou que
uma aluna de etnia cigana se retirasse da sala onde entrou sem
autorização e sem educação. Motivo este bastante para que a aluna
comunicasse com os familiares que de forma selvagem se encarregaram do
“ajuste de contas”.
Sou professora e tenho também alunos de etnia cigana. Terei
provavelmente princípios de educação e civismo semelhantes aos da
maior parte dos professores, como este colega. Corrijo todos os dias
os comportamentos e atitudes que considero despropositados. Trato
todos os alunos de igual forma tendo como principio a igualdade de que
todos falam com a “boca cheia”. Igualdade essa de direitos, mas também
de deveres. Sim, porque não pensem que a igualdade só serve para ter
direitos! O cumprimento das regras de civismo e respeito também fazem
parte. E se um dos meus alunos achar que “cuspir em cima das
secretárias” é um direito que ele tem? Isso vai contra o meu
entendimento de respeito e educação e, como tal terei de informá-lo da
necessidade de limpar a secretária que é de todos. Se a moda pega,
terei com toda a certeza de pedir proteção policial para sair da
escola.
Cada vez que tento visualizar a situação de agressão a que foi sujeito
este professor, fico completamente de rastos, desmoralizada e sem
motivação alguma para continuar a fazer aquilo que escolhi há muitos
anos.
E FALAM-ME EM REVISãO CURRICULAR??
Podem fazê-las todas e todos os anos! Não é aí que se encontra o
“cancro” da Escola/Educação. Podem aumentar as cargas horárias todas
que quiserem! Os alunos não vão saber mais por isso. É o mesmo que
tentar tratar o doente com a medicação errada.
A indisciplina grassa em grande escala e em percurso crescente na
maior parte dos estabelecimentos de ensino do nosso país. É mais ou
menos camuflada, numas ou noutras escolas, por interesses vários,
desde directores a ministros.
Mas está instaurada e cada vez com maior número de aderentes. A nós
pouco nos resta fazer. Tentamos de todas as formas, nunca infringindo
a lei ou ferindo os tão apregoados direitos do aluno, proteger os
poucos que sabem para que serve a Escola, o Professor e a Educação.
Mesmo correndo algum risco de, segundo os entendidos, traumatizar as
crianças, ainda elevamos o tom de voz ou castigamos um ou outro aluno,
na tentativa, quase inglória, de “salvar” mais um.
Sabendo que a missão primeira de educar compete aos pais e sabendo que
poderemos ser verbalmente e fisicamente agredidos, arriscamos e
transmitimos sempre que achamos premente, os valores e princípios que
os nossos alunos não trazem de casa, corrigimos atitudes, somos pai e
mãe sempre que necessário. Recebemos mensagens escritas dos
encarregados de educação, revelando uma falta de respeito, educação e
desconhecimento atroz, porque cansamos o seu educando com os trabalhos
de casa. Somos ameaçados pelos pais e familiares dos alunos a quem
dizemos que é necessário um caderno e uma caneta para escrever e que
esse material é muito mais importante numa sala de aula, do que um
telemóvel…
E FALAM-ME EM REVISãO CURRICULAR??…
Não aguento mais medidas sem sentido e de nenhum efeito. Um médico não
receita sem saber qual é o mal de um doente, ou não deveria fazê-lo.
Então como se quer tratar a Escola/Educação sem antes perceber,
analisar, verificar onde está realmente o grande, imenso problema?
É urgente e inadiável impor a disciplina nas escolas portuguesas.
É urgente e inadiável que se percebam as diferenças de direitos e
deveres entre um adulto e uma criança.
É urgente e inadiável que um professor possa ensinar quem quer
realmente aprender.
É urgente e inadiável que o medo deixe de ser uma sombra permanente
sobre as cabeças dos docentes do nosso país.
É urgente e inadiável que possamos intervir assertivamente e no
imediato em situações que estão no limiar do humanamente suportável.
É urgente e inadiável que o respeito e educação que exijo aos meus
filhos, possa exigir da mesma forma aos meus alunos.
E FALAM-ME DE REVISãO CURRICULAR??
É inadmissível que o professor seja obrigado a engolir os insultos de
um aluno que tem mais ou menos a idade dos seus filhos quando em sua
casa isso não é minimamente tolerável.
Não pensem que quero “a menina dos cinco olhinhos”. Não. Apenas penso
que fomos exactamente para o outro extremo. Quase que me apetece dizer
que se vive uma anarquia nas escolas. Gritar fere a sensibilidade das
crianças, mas falar baixo não resulta pois estas não sabem estar
caladas. Uma bofetada ou puxão de orelhas? Completamente desadequado.
Isso só com os nossos filhos surte efeito. Aos nossos alunos
traumatiza e marca para toda a vida. Talvez seja por isso, por tantos
traumas destes, que a nossa geração cresceu, formou-se, trabalha e não
espera que nenhum subsídio seja criado e nenhuma casa lhe seja
oferecida.
Os meus vinte e cinco anos de serviço não me ensinaram a viver uma
escola em que importa apenas que as crianças sejam muito felizes e
acreditem que a vida é super fácil; que o trabalhar é apenas para os
“totós”, pois a preguiça compensa e de uma forma ou de outra todos
conseguirão fazer a escola; que independentemente de cumprirmos as
regras teremos sempre direitos; que pudemos ofender de todas as formas
possíveis e agredir sempre, pois o pior que poderá acontecer são uns
dias de “férias” em casa; que de uma forma ou de outra, a culpa é
sempre do professor.
O nosso colega está em casa, depois de uma tarde nas urgências do
hospital, com cortes no rosto e muitos hematomas. Tenho o estômago
embrulhado e um nó na garganta. Uma vida inteira dedicada a ensinar e
a formar um futuro melhor para o nosso país é desta forma agraciada
quase no fim da sua carreira. E quem está a ler e a sentir-se da mesma
forma que eu perguntará: “ E a escola não age?” E eu digo-vos qual é a
resposta: “Foi fora do recinto escolar.” Gostaram? Conseguem imaginar
como será o estado de espírito deste professor de matemática? Já não
falo das marcas físicas e das dores que deve ter, pois foram muitos
pontapés e murros covardemente dados por três homens na casa dos vinte
anos. Covardemente por serem três a agredirem um senhor de sessenta e
três anos. Falo na dor psicológica, uma dor que não passa com
analgésicos, que vai lá ficar muito tempo. Será a recordação mais viva
que terá da sua longa carreira que está quase no final. Aqui fica a
medalha de “cortiça” que recebe pela sua dedicação e entrega à escola
e aos alunos.
No final apenas fica o amargo de boca de quem tem consciência de que
fez o melhor trabalho que pode, que entregou a melhor parte da sua
vida e juventude aos seus alunos, que exerceu com toda a dignidade a
sua profissão, respeitando sempre todos, engrandecendo o conhecimento
de muitos.
Resta-me dizer que este dia cinzento tem toda a razão de ser e todos
os professores se sentirão exactamente neste cinzento que porventura
será a cor que melhor define os sentimentos de quem neste momento
consegue imaginar-se no lugar deste professor.
MARIA DO ROSáRIO MEIRELES CUNHA
Professora na Escola EB 2/3 de Olival
Um dia
Nos 5 anos da lei do aborto um belo poema sobre o maior crime: a mãe que manda matar o próprio filho com o aval da sociedade e do estado.
Do blogue do Prof. Pedro Pinto: O Povo
Um dia, hei-de saber,
alguém me vai dizer.
Um dia.
Porque é que não nasci.
Porque não fui de alguém.
Porque é que fui ninguém.
Um dia.
Era feio?
Fui diferente?
Não dei jeito?
Um dia.
Amargo seio,
Um peito rente.
Não sei quem foi.
Não sei quem viu.
Mas sou inocente.
Talvez me contem tudo.
Talvez me salvem ainda,
Um dia.
Do nada, que é tudo o que me resta.
Talvez haja uma festa.
Não houve nenhuma,
Quando não me quiseram,
nem me amaram.
E não sei porquê.
Um dia.
Miguel Alvim
Do blogue do Prof. Pedro Pinto: O Povo
Um dia, hei-de saber,
alguém me vai dizer.
Um dia.
Porque é que não nasci.
Porque não fui de alguém.
Porque é que fui ninguém.
Um dia.
Era feio?
Fui diferente?
Não dei jeito?
Um dia.
Amargo seio,
Um peito rente.
Não sei quem foi.
Não sei quem viu.
Mas sou inocente.
Talvez me contem tudo.
Talvez me salvem ainda,
Um dia.
Do nada, que é tudo o que me resta.
Talvez haja uma festa.
Não houve nenhuma,
Quando não me quiseram,
nem me amaram.
E não sei porquê.
Um dia.
Miguel Alvim
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
The Christmas Story
Tão queridos e fofos...
Um Natal contado de forma simples por crianças.
Feliz Aniversário Jesus!
domingo, 13 de novembro de 2011
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